Os Orixás existem para serem louvados e não vendidos. O culto aos orixás, independente de sua forma vive um grave problema. A comercialização de sua fé. Quando se fala em “terreiro de macumba’”, em pai ou mãe de santo, às pessoas que não são adeptas imaginam um feitiço, uma mironga, uma mandinga para trazer o amor, arrumar um emprego ou prejudicar um inimigo. Mulheres e homens traídos e vendedores que não conseguem vender são os que mais procuram. O jogo de Búzios é um instrumento de adivinhação nesse comércio. O ebó é algo que tem como objetivo resolver os problemas das pessoas. A iniciação é algo que trará o melhor emprego, o melhor companheiro, ou companheira, e todos os problemas das pessoas são resolvidos depois de iniciados. Estabelece-se uma relação exclusiva de troca entre o Orixá e aquele que cultua. Existem pessoas que colocam o Orixá de castigo. Fazem ameaças do tipo: “se você não me trazer tal coisa não lhe darei de comer”. Dentro de um terreiro se louva a roupa mais bonita e mais cara. O pé de dança de quem está incorporado. A comida e a bebida que serão servidas após o culto. A relação entre fé e dinheiro no culto aos Orixás é muito presente e negativa.
Os motivos que levam a tal questão são muitos. Fazendo comparações podemos afirmar que em outras religiões também há tal relação. Porém elas são institucionalizadas. O adepto tem consciência que sua contribuição tem um fim, seja ele justo ou não. Toda religião precisa de templo. Nesse templo se gasta com água, energia elétrica, manutenção do espaço. Na maioria deles servem-se comidas e bebidas de graça. Os sacerdotes e sacerdotisas precisam de moradia, tem gastos, comem, bebem, pagam contas. É claro que há abusos e enriquecimentos incoerentes, mas é fato que é necessário estabelecer um sistema econômico para manter um centro religioso. No culto aos Orixás não há uma instituição central. Cada casa é uma instituição presidida pelo Babalorixá ou Yalorixá. Assim sendo, para que se estabeleça uma organização econômica adequada os adeptos devem colaborar com tal instituição, na casa ou centro de culto aos orixás. O problema é que muitas pessoas, que ingressam no mundo do culto aos orixás, procuram soluções para problemas de dinheiro e/ou amor, na maioria das vezes. Assim sendo, essas pessoas não estão dispostas a realmente fazerem parte de uma instituição religiosa organizada. São pessoas que não mantém um compromisso com mensalidade, com freqüência e contribuição para a manutenção da casa a que faz parte. Nesse caso, o Babalorixá ou Yalorixá tem trabalhar em outros tipos de emprego para sustentar sua própria casa ou recorrer ao comércio do jogo de búzios, dos ebós, dos feitiços para amor e dinheiro e até àqueles para prejudicar inimigos.
Filhos de santo não sustentam seu templo. Não o valorizam como tal. Salvo as exceções. Assim, no fim das contas, são os clientes, os que menos se beneficiam com a força do Orixá que acabam sustentando a existência do Axé e dos sacerdotes e sacerdotizas.
Nessa realidade muitas pessoas se tornaram sacerdotes espirituais sob duas condições. Ou compartilhando dessa prática deturpada ou lutando contra ela. E a fonte do problema é mais sutil do que parece. A falta de entendimento sobre a própria religião. A falta de consciência de que o culto aos orixás é uma religião que tem fundamentos muitos sérios. Existe ética e moral em toda sua existência e nas regras que a regem.
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