domingo, 29 de setembro de 2024

Abiku: morte, infância e ancestralidade

 Na cultura iorubá, que tá viva na macumba aqui, existe uma coisa chamada abikú. A tradução literal é junção das palavras que significam criança ou bebê (abi) e morte (ikú). 


Uma pessoa abikú seria alguém que não tem o destino de crescer, é como se fosse uma alma que tem a missão ou destino apenas de nascer e viver um tempo curto. 

A existência desse espírito, dizem os antigos, tem a função de passar pela vida material para cumprir seu papel na existência da comunidade, e que até o sofrimento pela perda faz parte do processo evolutivo espiritual dos pais, família e comunidade. 

É por isso que existe na macumba essa entidade criança. Os erês, ou vunges, ou Cosme e Damião. Todas são representações dessa entidade que é a criança por si só. 

E nos caso da incorporação e culto ancestral desses espíritos, os erês que trabalham na mediunidade são crianças que continuam a cumprir sua missão, ou seu destino ou seu odu na dimensão espiritual. 

Na espiritualidade afro indígena a morte, até de crianças, faz parte da existência, e é apenas parte dela. E essas entidades crianças carregam na sua força a potência da inocência, ingenuidade e sabedoria próprias da infância. 

A obrigação moral mais óbvia de qualquer adulto é cuidar e proteger qualquer criança. 

A revolução será feita quando aprendermos a cuidar de todas as crianças. 

Viva Cosme e Damião. Erê mi.


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