Na cultura iorubá, que tá viva na macumba aqui, existe uma coisa chamada abikú. A tradução literal é junção das palavras que significam criança ou bebê (abi) e morte (ikú).
Uma pessoa abikú seria alguém que não tem o destino de crescer, é como se fosse uma alma que tem a missão ou destino apenas de nascer e viver um tempo curto.
A existência desse espírito, dizem os antigos, tem a função de passar pela vida material para cumprir seu papel na existência da comunidade, e que até o sofrimento pela perda faz parte do processo evolutivo espiritual dos pais, família e comunidade.
É por isso que existe na macumba essa entidade criança. Os erês, ou vunges, ou Cosme e Damião. Todas são representações dessa entidade que é a criança por si só.
E nos caso da incorporação e culto ancestral desses espíritos, os erês que trabalham na mediunidade são crianças que continuam a cumprir sua missão, ou seu destino ou seu odu na dimensão espiritual.
Na espiritualidade afro indígena a morte, até de crianças, faz parte da existência, e é apenas parte dela. E essas entidades crianças carregam na sua força a potência da inocência, ingenuidade e sabedoria próprias da infância.
A obrigação moral mais óbvia de qualquer adulto é cuidar e proteger qualquer criança.
A revolução será feita quando aprendermos a cuidar de todas as crianças.
Viva Cosme e Damião. Erê mi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ódio não é bem vindo!