domingo, 29 de setembro de 2024

O preceito no Candomblé


Pra praticar o Candomblé é preciso cumprir preceitos. Vários tipos. Alimentos, sexo, roupas, cabelo, ambientes, álcool. E varia de acordo com o orixá, a casa e a pessoa que te inicia. As regras são variáveis e flexíveis de acordo com o entendimento e gestão do saber do líder, pois o Candomblé não tem uma base escrita objetivamente pra nada. Cabe a quem se apresenta como sacerdote ter ética, responsabilidade e conhecimento que comprove seu notório saber de sacerdócio.  

Mas quem fiscaliza se a pessoa que inicia cumpre os preceitos ou não? O que acontece quando não se cumpre os preceitos? Quais são os níveis e intensidades dos preceitos corretos, de acordo com a tradição original? 

Difícil responder isso. Tem irmão que fiscaliza o outro pra fazer ejó. Tem quem fiscaliza pra por na rede social e falar mal. Tem quem cumpre o preceito só na frente dos outros, ou na frente do pai de santo. Tem quem nem liga muito por que não considera tão importante quanto a roupa importada da Nigéria. 

O que dá pra entender e estabelecer é que o preceito, seja ele qual for, é um compromisso ético de você com você mesmo, com seu ori, seu Orixá, sua consciência e seu axé. 

Todo preceito do Candomblé tem seu significado, seu sentido, seu contexto. E cabe aos praticantes do Candomblé compreender o sentido dos preceitos pra cumprir de própria vontade. E quando entender esses significados for difícil, você pode apenas confiar na pessoa que você escolheu pra cuidar de seu ori, e cumprir o preceito, como deve ser. 

Se abster, evitar aquilo que lhe traz conforto e satisfaz desejos, evitar alimentos prazerosos demais que quase sempre prejudicam o corpo, saber impor limites ao próprio impulso e desejo sexual, tudo isso, dentre outras coisas, são formas de exercitar o ori, a mente, as emoções, o corpo. E isso é exatamente a espiritualidade. A busca do equilíbrio de si com si, de si com seus ancestrais, com seus protetores, de si com os Orixás, de si com a natureza, de si com Deus/Zambe/Olodumáre/Alá. Não existe exercício de espiritualidade sem alguma disciplina. 

Preceito é importante.

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