A vivência em comunidade de terreiro propõe uma forma própria de civilidade.
Uma relação comunal e hierárquica ao mesmo tempo.
Comunal quando há a partilha e colaboração para o funcionamento e presença de todos, nas mesmas condições. Ou seja, numa comunidade de terreiro todos comem, bebem, dormem e partilham os espaços, sem necessariamente ter que se pagar por isso, ou se valer de vantagens individuais pra conforto. Mas todos os que podem colaborar o fazem, na medida daquilo que pode, e assim a comunidade existe.
Hierárquica quando se trata de uma organização de funções, tarefas, obrigações e restrições baseadas no tempo de vivência. Na experiência daquela tradição.
Na doutrina do Candomblé há uma fase fundamental de abstenções. É uma fase de aprendizagem pela observação, pela escuta e pela disciplina, em tese. Digo em tese pois, nem todo mundo que se inicia na doutrina do Candomblé, pratica e cumpre com responsabilidade os preceitos do Candomblé, o tempo adequado para se alcançar os degraus da hierarquia baseada na vivência.
Candomblecistas são como cristãos as vezes. Nem todo mundo que diz ser cumpre aquilo que se aprende na doutrina que frequenta.
A vantagem é que o Candomblé é super Tolerante em muitos aspectos. Quem não cumpre as regras, preceitos, obrigações, responsabilidades, restrições e disciplina que a doutrina propõe, ainda assim poderá estar lá. Frequentando sem ser julgado como alguém que será castigado. No máximo a comunidade vão fazer aquele ejó natural de comunidades. Isso significa que quando a pessoa escolhe se iniciar na doutrina mas não cumpre o tempo, a disciplina, as fases dessa doutrina, o problema é só da pessoa, do axé ou da falta de axé dela.
Candomblé é pedagógico e civilizatório.
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