Desde sempre a extrema direita cria demônios e inimigos fictícios pra mobilizar as pessoas pra um espiral de obediência cega e fanatismo religioso intolerante.
E a nova extrema direita brasileira tem sua essência neopestecostal que se organiza e toma espaços de poder às custas dos votos motivados e mobilizados por discursos de ódio.
É notório que o "monstro" fictício da extrema direita é objetivamente a "macumba". Ou seja, as religiões de matriz afroindígena são o principal objeto de ódio que é instrumentalizado para unir as pessoas em torno de um inimigo em comum: "a macumba".
Num fenômeno sócio-cultural bem complexo, a extrema direita neopentecostal, que também é bolsonarista, cria o pânico moral na mente das crianças e jovens que frequentam igrejas, em torno do "medo da macumba". A essência do "eu e outro". Do povo de Deus e do diabo".
Na periferia, onde brotam igrejas em cada esquina, também resistem comunidades de terreiro aos trancos e barrancos. Sem dízimo, sem isenção de imposto, sem verba.
Na mesma escola que estudam crianças neopentecostais que crescem sendo estimuladas pelo discurso de ódio, também estudam crianças umbandistas e candolblecistas.
Na sala de aula não damos conta de remar contra essa maré ódio. São estímulos muito fortes e de todos os lados, que também potencializam e são potencializados pela crise cognitiva de falta de interpretação de textos, falta de noções básicas de ciência e de ética.
Ensinar amor em uma sociedade que ensina ódio é uma tarefa muito difícil.
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É urgente que candidatos progressistas de todos os partidos observem esse fenômeno que ameaça a existência de culturas e identidades regionais e nacionais. Fora o estrago psicológico, assim como riscos de vida que uma sociedade intolerante pode gerar em indivíduos.
É preciso lutar por uma pauta que inclua:
1. Espaços públicos para eventos, cultos públicos, festivais e oferendas. Atendendo demandas de ordem ambiental, gerando renda e emprego para tal comunidade que produz e consome uma grande variedade de mercadorias próprias.
2. Formação em GCMs e agente públicos para lidar com conflitos que envolvem comunidades de terreiro, tal como barulho, direito de culto público, denúncias e outros. Obs. Agente de segurança neopentecostais tendem a agir de forma parcial e truculenta em casos dessa natureza.
3. Incentivo fiscal e jurídico para regulamentação de comunidades de terreiro, como isenção de IPTU, e outros impostos.
Comunidades de terreiro são locais de acolhimento social, cultural, psicológico. São núcleos que formam famílias com pessoas sem família. São avós solteiras, viúvas, com crianças, casais e pessoas lgbts, crianças criadas e famílias formadas em um universo cultural que é dominado por pessoas que cada vez mais ampliam suas bancadas e o alcance de seus púlpitos.
A população de religiões de matri afroindígena corre risco de agressões, humilhações, bulliyng e até morte, constantemente.
Essas são algumas das demandas que a população de terreiro necessita que alguém represente eu seus mandatos.
Atenciosamente.
Compartilhando saberes, por Alan Geraldo. Professor de História, Candomblecista e escrivinhador.
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Ódio não é bem vindo!